Verbalizar

Data 13/04/2025 11:27:57 | Tópico: Poemas

Reduziu-se todo o verbo a nada
e assim ficou, desidratado, seco,
com o vírus de silêncio infecto.
Era sem plano, sonhos ou projeto,
entrado num, sem-saída, beco;
não podia ser chamado d'estrada.

A vida era vã e automatizada;
sem verbo, o Homem era um boneco
sempre são, aprumado, tão correto.
Uma casa sem paredes, nem teto,
portas fechadas, que hipoteco.
Só uma saída, cerrada a entrada.

Como estátua, muito queda, parada,
convida sem vida apenas ao eco.
Não começa, ou inicia: é um inseto.
Homem que não pensa é abjeto,
mais perto do chão que do céu, marreco,
ar de vazio, reles camarada.
Este texto também foi um comentário a "Para deixarem pensar os nossos Beças" de Alemtagus



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