Instruções para não chegar

Data 07/04/2025 02:58:39 | Tópico: Poemas

Não há como fugir do vazio
sem primeiro tocá-lo com as próprias mãos.
Quando a matéria se quebra e se desfaz,
como se só existíssemos nas pequenas frestas
entre a intenção e o gesto.
Onde o corpo desaprende a entrega
e navega sem guia ou paz.
Sem margem, resta apenas um ponto onde o som se afoga.
A mão pousada, ou quase.
O instante em que o passo recua,
sem saber se era avanço, e se perde.
De resto, o tempo faz o que sempre fez:
desenha ausências.
Como se ver fosse sempre tarde
e o sol, um equívoco que repetimos.
Ainda assim, às vezes, a água alcança e toca.



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