
Da Morte Em Dois Estados
Data 26/03/2025 17:31:41 | Tópico: Sonetos
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I
Serei, na espera; - O tempo vil a ir-se! O cerne mais rachado, preso em pontas... Enquanto a sorte dorme, sem dar contas, O sangue vai escoando; - Ele o disse...!
Da boca, a promessa que não despontas, Tuas mãos já tão distantes, em desdisse! Do corpo, preso em mim, se eu fugisse, Jamais veria a luz, em idas tontas!
Irei partir, assim, em dor soturna E levarei, comigo, em minha urna, As chagas de um amor desprometido!
Mas ouso, antes de ir a outro mundo, Dizer-te: - Este sentir, amor profundo, Será mais que uma faca em teu ouvido!
II
Serei na espera; - O tempo sempre a ir-se! O cerne mais fechado, sem afrontas; Enquanto a sorte dorme, sem dar contas, O sangue vai escoando; - Ele o disse...!
Da boca, a promessa que não despontas Tuas mãos já não acenam; - Ele predisse! Do âmago, preso a ti (nem que fugisse!), Jamais verei a luz que aqui encontras!
Irei partir, assim, em dor soturna E levarei, comigo, em minha urna, As flores de um amor desprometido!
E ouso, antes de ir a outro mundo, Fazer deste sentir, amor profundo, Sussurro, sempiterno, em teu ouvido!
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