
O Abismo e o Eco
Data 26/03/2025 11:57:11 | Tópico: Poemas
| Eles vêm, de olhar vazio, sem ver, sem saber, sem perguntar. Marcham—não, rastejam— com a certeza tola dos que nunca duvidam, com o fervor triste dos que nunca pensam.
Erguem aos céus um nome, um vulto, uma sombra que os consome, um charlatão de feira, um embusteiro de trapos, que lhes promete um mundo feito de espelhos onde só veem o que querem ver.
E riem! Riem do meu desespero, da minha fúria que a ninguém toca, do meu nojo que os diverte. Saboreiam o ódio que os denuncia, porque sabem que nada os toca, que nada os convence, que nada os redime.
E eu, que vejo? Vejo ruínas erguidas como templos, mentiras coroadas como verdades, a história dobrando-se sobre si mesma como um espectro de vergonha.
Dizem-me: "A história julgará." Mas que história? Se forem eles a escrevê-la? Se o mundo for seu? Se a verdade for extinta como um lume apagado no vento?
E então? E então nada.
Talvez reste apenas o eco, o resquício de um tempo que poderia ter sido. Talvez reste apenas este grito— este grito inútil, este grito impotente, este grito que ninguém quer ouvir.
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