Grata ao nada

Data 24/03/2025 19:45:17 | Tópico: Poemas

Na sombra da minha vida,
naquele canto silencioso
Estás tu, queria eu que bem escondido.


No grito do silêncio, no abismo da sanidade,
a ferida, cá fora, cada vez mais fechada,
lá dentro,
cada vez mais aberta.


Estás tão longe, tão longe para te tocar, tão perto para te sentir.
Ouço-te, mas não te escuto.
Naquele limbo entre o esquecimento e a verdade.


Choro, desespero, e grito, no grito mais silencioso que o grito me deixa gritar.
O meu coração dói… o meu coração também dói.

Sinto medo, muito medo, que no limbo caias. Sufoco que caias no esquecimento, terror que caias, na verdade.


O que é a verdade? Lembranças de um dia onde o meu coração não dói, lembranças onde eu não vivia na sombra da vida.


Ah, a sombra da vida, só para os corajosos é a sombra da vida. Só a espera entre balancear e cair é para os corajosos.


Este não é um poema de dor, nem de saudade, muito menos sobre a arte de amar. É um poema sobre o nada, o nada que no vazio mais vazio me completa.



É o nada que não me permite o esquecimento, estou grata ao nada. És o nada, só hoje sei, que prefiro que sejas nada do que sejas algo.


Poema sobre nada. É o nada que não permite o esquecimento, devemos todos estar gratos ao nada.



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