Ainda é rio

Data 24/03/2025 03:24:35 | Tópico: Poemas

Não me esqueci de ti à beira.
Te vi parado, olhos semicerrados,
como quem tenta, mas ainda não atravessa.
Há quem chame isso de medo.
Eu chamo de espera.
Há quem veja o risco, outros — o salto.
Há quem sinta o vazio, e há quem sinta a vertigem.
Sabemos: viver nem sempre é claro, amar é raro.
Ainda é rio,
mesmo quando parece espelho.
Ainda é amor,
mesmo quando se recolhe,
deslizando para dentro,
como se o corpo fosse abrigo breve
e os olhos, apenas ensaio,
talvez do que ainda não foste.
Ou quem sabe, de alguma luz futura
do que ainda — seja.



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