
Tempestade Que Não Pede Permissão
Data 28/02/2025 16:37:38 | Tópico: Poemas
| Onde só quem escuta o silêncio sabe que nunca estive ausente. Sou presença na solidão das árvores, e por razão alguma— Recomponho o vento, refaço destinos, exilo-me dos nadas. Amo o zumbido das abelhas, carregam segredos nas asas. Deixo os vendavais falarem em meu lugar, abro o peito para fogueiras inomináveis, engulo orações sem nome. Faço da ausência um dilúvio, sou a falha na arquitetura dos dias. Fragmento de sol que corta a noite, sombra e incêndio, divido-me em luz e ruína. Ressuscito a boca sem pedir clemência, escorro entre frestas impenetráveis. Reviso o silêncio até que grite, desvio das veias do verbo, crio atalhos no pulso. Não caminho – precipito-me. As mãos do relâmpago atravessam-me, adormeço onde o tempo se dobra.
|
|