Limiar das Águas

Data 15/02/2025 15:29:11 | Tópico: Poemas

Há quem confunda correnteza com margem,
brisa com tempestade,
e quem, ouvindo um canto,
acredite que é apenas música.

As ninfas dançam onde o rio cede,
onde as pedras desenham caminhos
e a terra ainda segura o passo.
Mas há vozes que não pertencem às margens.

O mar não oferece, não devolve.
Guarda o que toma,
e o que chama para dentro dele
nunca volta igual.

As sereias não fazem promessas,
nem acenam para quem parte.
São o limiar entre o desejo e a queda,
onde a escolha nunca foi escolha
apenas um passo a mais
quando já não há chão.

E quem escutou,
quem se inclinou sobre as ondas,
soube tarde demais:
o colapso não destrói
torna tudo tão vivo.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=376734