
Bagagem
Data 29/01/2025 16:06:35 | Tópico: Poemas
| O que guardaremos quando as luzes apagarem na vida Não o poder, nem o sucesso, isso tudo será esquecido Mas o que viverá é aquele menino de alegrias efêmeras Prazeres fugazes de quando aprendia a nomear coisas O eco da voz em cada pronúncia de palavra aprendida Também nos acompanharão as pequenas doces coisas A flor de laranjeira e os pássaros a cantar pelos galhos O aroma das alfazemas do campo, o afeto de abraços Lá no fundo dos sonhos, residirá um quê de remorso A pedra no estilingue, o pássaro caído, o canto calado Comigo levarei o toque primevo do amor descoberto Notas de romance compassado, sentir um leve flutuar Que tão absorto me fez, no delicado contato da pele Porém descobri que as juras eram só rumor do vento Soprando os ipês roxos já sem flores, perfumes ou cor Faço-me levar comigo, também, o que não teve brilho A inocência há muito perdida e as ilusões rescindidas Fermentadas em crus silêncios tensos e intermináveis As estações fechadas do trem que já há muito partiu E não pude embarcar. Hoje é só a distância e o adeus Vou levar no peito o som retumbante das marés altas A imagem das roupas tal bandeiras suspensas no varal Das noites que trocávamos carícias até o amanhecer As lembranças contraditórias arraigadas no coração A palavra, qual um punhal, devorada na boca faminta
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