
-Tapeçaria-
Data 23/01/2025 15:48:30 | Tópico: Poemas
| Minhas palavras não espantam; elas ecoam. São penas arrancadas de asas adormecidas, o vento leva-as por corredores de véus, onde o tempo esquece o seu nome.
Certo ou errado? Pergunta às portas. Lógica dorme entre o pó das chaves, e (in)lógica escreve o seu nome no vidro embaciado. Os cães não mordem, apenas esperam, com os olhos fixos no horizonte que se dobra.
Se me observas, sou o reflexo quebrado na maçaneta, o calor de mãos que nunca tocaram. O horizonte treme, as notas deslizam, e o acorde maior é apenas uma sombra que ecoa em salas que não existem.
A essência não respira; ela persiste. As chamas não dançam; elas rastejam em linhas invisíveis que desenham o chão. Os cães, elegantes e imóveis, guarnecem as perguntas como quem cuida de um segredo.
No canto onde o eco se dissolve, as memórias não se guardam; elas fluem. Entre nós, não há espaço nem tempo, apenas o vazio que conhece todos os nomes.
O nunca dito não paira; ele vibra, uma melodia sem som, onde o silêncio molda as sombras, e a luz não ilumina — apenas observa.
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