Para gillesdeferre (73ª Poesia de um Canalha)
Data 19/01/2025 11:37:53 | Tópico: Poemas
| Sou erva daninha que te suga a terra E dos olhos a cor do olhar sem verbo Deixado ao acaso numa vida perdida A vala comum que os sonhos enterra E envolve num abraço de ar soberbo Sábios peitos sedentos desta dúvida
És do pó que te nasce e depois mata Que ninguém foi ou de alguém seria Vento estranho que m'embala e leva A estrada feita numa palavra intacta Com outro fim que não lhe pertencia Ser e não ser das noites louca treva
É o dia para lhe sentires uma noite só Hora após hora a pedaços de emoção Que estridentes te gritam da saudade Dessa dor negra que se denta sem dó Reparte a múltiplos de dois o coração E assassina dura e insensível vaidade
Somos somas de indiferente diferença Multiplicadores de uma infinita divisão Incógnitas em diferencial de cossenos Variável d'hipotenusa oclusa e intensa O cálculo infinitesimal decifrado à mão A navegar veias de genéticos oceanos
Sois sóis foscos que saciam cegueiras Pedras que descalçam o chão aos pés Punhado de alva sombra lacrimejante Distante de minhas fatais sementeiras E dessa crença adornada de falsas fés Que se consome no homem ignorante
São fracos os braços que me apertam Num abraçado desejo que sejam teus A compasso de passo cheguem a mim São duras as idas qu'aqui se acercam Mínguo tal olhar que tens do teu deus Letra oca que definhas na boca assim
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