
Memória da Lâmina
Data 06/01/2025 03:38:51 | Tópico: Poemas
| Navegando no firmamento, contemplando o invisível, caí no vórtice do universo em colapso.
Despatriada de mim, lambi as feridas e a lâmina, provei o sabor metálico do sangue e do aço. Atravessei os rios de veneno e esquecimento, e ruas por onde nem todos os anjos caminham. Das esquinas onde até Deus duvida, trago na pele a lembrança de como arde o gelo.
Em dias serenos ou de plena fuga, de silêncio ou arrebatamento, entre o fervor e a anemia, os impulsos, os pulsos e o desconcerto, com a morte desfeita, aquecida de dentro pra fora e de fora pra dentro. Após o pousio, sou como a terra revirada e nua, à espera do fogo, das cinzas, da semente da nova vida.
Afinal, não é a chama branda ou alta que desencanta ou desabriga, mas sim o frio que faz morrer o que clama e queima.
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