
O poeta, esse “figura” da linguagem
Data 03/01/2025 09:13:24 | Tópico: Poemas
| Poeta já nasce metáfora: nem é homem, é bruma Detesta comparação: sua carne é tal como purpurina Casa antíteses, juiz de paz de terra e céu Dispara metonímias lendo Drummond e Gullar Mata catacreses ao dar nome ao que não o tem: Braço de sofá vira espuvelo, assim, na caraça Celebra paradoxos, esses desconstrutores criativos: Como encher de vazio um balão vazio? Faz tudo dialogar em prosopopeias, a caneta chora, o chapéu gargalha É bicho todo trabalhado na sinestesia: degusta a paisagem, ouve seus aromas Radical, rima o rumo dos versos em aliteração É um babaquara da assonância, um papa-vatapá Desafios opera o poeta em hipérbatos Faz rir nas onomatopeias, feito garnizé cocoricó Desce pra baixo do mar molhado em seu submarino, o pleonasmo É polissíndeto: É alegre e loquaz e terno e carmim Mas tem lá seus momentos assíndetos: solitário, introvertido, fujão Viaja em anáforas: se eu voasse, se eu pudesse, se eu sonhasse, se... “Quero morrer de tanto versejar”, vocifera, hiperbólico “Ou bater as botas de mui cantar”, solfeja em eufemismo e preciosismo Dias há em que escreve com a delicadeza de uma mula (opa, contém ironia!) Outros em que lança os versos pela janela com um lacônico “Que tédio!” em apóstrofe Nesse jogo de encanta e cansa, o bardo executa sua dança E nos diverte com sua graça, humano que é, esse figuraça...
Sammis Reachers - https://linktr.ee/sreachers
Criei este poema para ajudar estudantes – do aluno do Fundamental ao concurseiro – a aprender se divertindo e, claro, para ajudar também a professores. Se você curtiu, compartilhe o poema para que ele possa divertir a mais necessitados!
Este poema obteve o segundo lugar nacional no Concurso Paulo Setúbal de Literatura 2024 (Tatuí - SP). Obteve ainda menção honrosa no 47º Concurso Literário Felippe D’Oliveira (Santa Maria - RS).
|
|