Ambições desmedidas

Data 02/01/2025 17:33:33 | Tópico: Poemas


eu queria ser filme
queria ser letra

pelas lágrimas transparentes e incessantes que ninguém vê

de quem não é amado
mas desprezado

ao som da música
que toca os coelhos em liberdade
a flora que murcha, seca por desinteresse
a casa soturna e vazia, de luzes acesas
lareira apagada no inverno gelado
silêncio da literatura portuguesa
posta de parte, numa qualquer

eu queria ser livro
folha que se lê e relê

queria, queria, mas a casa

de janelas fechadas
cheiro húmido e morno
tapetes e panos e fotos e flores e
sempre mais
sempre não
sempre nunca
sempre ...
qualquer cousa com pó, estática e viva
mas que não respira já

queria, queria muito
mas não dá







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