Em ponto morto, no desconforto de um abrigo sem porto

Data 15/12/2024 14:38:37 | Tópico: Poemas






rasgos…



bocados…



verdes crostas,

babando gotas.



teimosas feridas,

cada vez mais gordas.



já fui

ao doutor da alma.

receitou-me um remédio chamado tempo

para tomar

durante dois anos.

já passaram tantos,

mais que os dedos da mão.



o coração está um caco.

range por todo o lado.

já não passa na próxima inspeção.



o peito tem um problema de rolamentos,

não deixam rolar os sentimentos.



já para não falar

dos travões da saudade,

sempre a travar a vontade

de não seguir em contramão.



quanto às mudanças,

precisam de mudanças.

só a marcha atrás

funcionam bem.

só falta os espelhos retrovisores

ou os sensores de aproximação

para te chegar.











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