Fleuma

Data 23/11/2024 07:50:29 | Tópico: Poemas

Onde estás?
Oiço, mas não entendo
Não te vejo, não te toco
Foste para demasiado longe, lugar incógnito, bravio, maldito e maléfico
Pois se te prendem e às algemas juntaste a comiseração e a descrença
O esconderijo é fluido, flutuante, fugaz

Perdes-te na escuridão de uma prisão desconhecida
Afogas-te, mas não
Afliges-te, mas não
Afleumas-te
Se te encontro, hei de abanar teus braços, teu rosto
És o lugar onde os meus sonhos habitam
Dormes acordado e quero-te
Já, agora

Ressuscita, meu amigo de beijos longos
Acorda, meu coração em pedaços
Levanta e levita, Lázaro dos vivos
Vê-me, olha-me; não notas a minha deficiência
denota o que falta,
o que me incompleta,
um puzzle que construíste

Quero falar-te e não consigo
Quero beijar-te e não te alcanço
Quero morder-te mas a tua pele fugiu
Quero amar-te mas não te lembras de mim

Resta-me chorar-te,
recordar teu sabor agridoce
Ser a fome a que me obrigas
O escuro que me queres dar

Não se faz,
rompes assim a minha pele
rasgas meus lábios de dor
ignoras-me com passiva consciência

Não vês que lagartixa serei se me tiras tudo?
Volta
Quero ser mulher outra vez







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