
Breve manual para amar de verdade
Data 14/11/2024 20:44:22 | Tópico: Poemas
| O murmúrio semântico num céu ocre nas tardes de tormenta Vem tatuar indelevelmente com suas agulhas e tintas minerais A face do ente amado ausente em nosso coração angustiado Projeta-a nesse instante contra o gris d’um mundo ultrajante Grava suas marcas, profundos estigmas na essência do existir O amor vem a nós em conta gotas tentando inundar a solidão Buscando o feito impossível de apagar a nota amarga da vida A desconstruir as asas de chumbo e a longitude da distância
No mesmo ato que ordena negros ideogramas e anjos ocultos O amor ordena a vida ao nosso redor, qual breves lagos de ar Na clara pretensão de inventar rosas vermelhas sem espinhos E o ambíguo conceito que podemos doá-las à mulher amada Quando a verdade se subjaz à crua conveniência do momento Só o poema, recitado numa voz límpida mantém o equilíbrio E a harmonia sem veladuras desmemoriais a alterar os fatos Entregues aos trigais dourados pelo sol e ondulantes ao vento Quando estia e a tarde recobra seu brilho, mínimos rumores De um retorno tão esperado, vêm nos salvar desse cativeiro Fazem a construção de uma música clara e aroma de jasmim De curva sonora com ritmo de coração, sem outro pretexto Concluímos que, de tudo, o que importa é vencer as chuvas Um amor cotidiano e permanente, não só debaixo dos lençóis Assim pode cantar o amor nudez conservando sua inocência E nossas gargantas podem se declarar num sentimento maior
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