
Céu Rasgado
Data 21/10/2024 04:24:12 | Tópico: Poemas
| Na estranha simetria da translação dos pecados, no limbo das reincidências do final em frio pranto pelos restos assombrados.
A chuva que a intuição anuncia incendeia os rastros, inflama o corpo, queima a língua, e revela a sina no clarão do relâmpago, na leitura dos astros, na árvore caída.
Acende o olhar manchado pela perversão normal, marcado na selvageria da fé, que extinguiu o amor e o cordeiro, no sol findo do que um dia foi sagrado.
Tão ilegível é a minha alma para a tua divindade esquecida. No meu altar vazio, rezo apenas para quem fui escrita, no pulso daquilo que me sangra e me salva.
Nos desenhos das nuvens em carrossel, rasguei o véu, sequei o céu, enquanto o mundo se calava. Hoje, o tempo parou, não choveu, e ninguém mais chorou.
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