franquia para viver

Data 18/10/2024 19:11:30 | Tópico: Poemas




conheceu o luto ainda era criança
promoveu o culto da solidão pura
onde brincadeira, feira, não dança
e entregou à mãe, sim, a vida madura

deu ao céu os olhos azuis, em par, de graça
o rio de água secou a alegria
vazia de qualquer sangue de praça
nua como só ela via e sabia

e leu a morte até ao fim sem quebrar nada
nada foi simples nunca nada foi
em vão se nasce em criança sem fada
crença cega e surda nos mesmos dói

nos mesmos nasce a fraqueza do ser
franquia para viver sem com bruxas
luta do luto em flores vivas murchas
lavadas ao som d’um pobre qualquer

secas frouxas e amarelas de ver
sempre a mesma mulher sofrer torcer
sempre o mesmo líquido de coser
secas folhas a arder de medo ter

engano ao que julga aqui ler as almas
pois essas não se descobrem assim

engano ao que lê poemas sofridos
porque esses só a mim dão p’ra ler no fim

e no começo tudo era assim sabes?

um luto em criança de preto e sabres
sem pensar num dia rasgar as odes
do luto honesto donde Tu só podes
sair










Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=374951