
Deriva
Data 08/10/2024 23:41:38 | Tópico: Poemas
| Em dias esquecidos, arrasto noites como sombras em um céu de cinzas, no silêncio sem paz, no espaço onde a palavra impecável, viva ou morta, não chega. Na abstinência da voz, grito um mundo inteiro, aproveito o tempo de me perder, em um saber tecido em miragens, onde todo destino não é mais que deriva. Num banho de mar de dentro para fora, deságuo, atravesso as ondas e o medo. Danço e rodopio na minha tempestade, com passos de caos, suaves e lentos. Na urgência do fôlego, atônita na tônica do existir, diante da dissolução do ar e do fogo. Avalio, alivio, respiro como quem ama, me levo embora de mim. Desfaço as camadas da dor, e, além dela, no desejo de não ser, ainda que desabrigada, no sopro original, reconheço-me.
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