Olhar Cego nº 22

Data 24/09/2024 16:06:12 | Tópico: Poemas

[Este texto não pertence à Administração. Trata-se de uma colaboração de um Luso-Poeta, que participou de forma anónima no jogo "Olhar Cego". No final, revelaremos a sua identidade. Convidamos os utilizadores a pontuar e a comentar o texto à vontade, como fazem com qualquer outro.]

Cegueira

Dizer que prefere a folhagem à flor marca uma imprecisão
Traduzida por um clarão que tem em evidência só o verde
Significaria fazer uma pausa justo quando a música eleva
É como sugerir que o verão em seus avanços e retrocessos
Conjure sua luz de modo a penetrar só as janelas traseiras

Até que por fim chegue o momento final, a luz nos pertence
Diz-se ser o álibi perfeito para ocultar uma eventual soçobra
A iluminação inconstante, permite ou não negar o desastre
Mas quem ama às escuras, sabe que pode amar sem olhar
Fazer desse amor duas mentiras: o antes e quando se acaba

Restando apenas um estilhaço a afirmar que fora uma festa
A nota de oboé inadiável, um tangido de língua do rouxinol
Um repicar dos sinos à maneira qual já fez repicar outrora
Negar tudo, seria como reconhecer que a vida foi cegueira
Contudo o que me surpreende é que são só dez da manhã



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