
TRINTA DE AGOSTO
Data 30/08/2024 15:34:28 | Tópico: Prosas Poéticas
| TRINTA DE AGOSTO
É sabido que Narciso ama o seu reflexo. É preciso que haja o outro para que Narciso se possa ver nos olhos do outro.
É essa pessoa — o espelho de Narciso, aquela que espelha a face de Narciso — que sofre a impossibilidade de ser amada ao mesmo tempo em que é mantida ao alcance dos olhos para Narciso se mirar
Narciso não ama seu espelho, visto que apenas um objeto. Narciso ama sua própria imagem refletida no espelho.
Acontece que o espelho de Narciso não é de vidro, sim dois olhos que espelham mais do que o que veem; espelham também o que sentem.
Mas isso, por vezes, distorcem a imagem de Narciso: Quanto mais velho o espelho, mais opaco reflete.
Se Narciso se olhar no espelho e se ver feio, Ele não vai pensar que a realidade é aquela. Não. Jamais se verá feio, embora o outro o veja. Narciso vai desconfiar do reflexo que o espelho dá.
Narciso vai quebrar o espelho e arranjar outro.
Betim - 2024
|
|