venho do fim do mundo ao fundo da rua onde os homens se acumulam como cascas de cebola e as mulheres degolam os filhos com as linhas da saia desfeita
venho do fim do mundo no cimo da montanha com aves mortas com chumbo líquido e plantas cinzentas pintadas por crianças sem mãos
venho do fim do mundo do cume do vulcão com santos espalhados pelo chão e flores de enxofre com terços na mão
venho do fim do mundo da floresta negra onde as árvores comem os bichos pela metade e as águas do pântano saciam a fome do meio-bicho que ficou por comer
venho do fim sem princípio ou meio só pessoas hirtas e fritas em banho maria destinadas ao circo sem rastreio ou curadoria