hoje é seu aniversário, Bebel trouxe meu caderno e meu lápis preferido pra ver se consigo desenhar seu rosto seu cabelo, meu ninho, ai…. sabe que ainda dói?
continuo lendo como você, deusa do sol, me ensinou mas… é o mesmo, não. Saramago me aborrece sério! Mia Couto quase me endoidece, Agualusa ainda me aquece… mas que jeito seu, esse, de mandar. ler português dos confins mais os dos afins pra aprender essa língua madrasta de quase
tudo bem, eu aprendo. mas me deixa no meu vagar hoje estou pra te desenhar, celebrar chorando por cima
lembro tão bem seu perfil, parece estou percorrendo o caminho de sua testa, nariz, a boca, seu pescoço ah, Bebel que lindo ver você perfilando pra mim
aí me viro e vejo você de frente deus, que mulher é essa? é gente? agarrando seus cabelos, gritava você Bebel, porque eu puxava queria eles pra mim, com flores decorando nossa casa outro tempo, agora é nada
e seu cheiro moreno me tomando de assalto, em pleno, em cheio, e minha cara mergulhando em você até o oxigénio cadê …e me obrigava respirar… porquê? mais valia eu ali parar pra morar afinal…
ah, Bebel vou desenhar, não vou é renovar suas flores colocar outras cores aí me deito na terra tentando te ouvir não dormir
ah, Bebel porque foi você embora e mora aqui agora?
assim, não tem mais cor pra mim nem seu negro eu digo que sim é só um nada vazio, mesmo um ar deslavado de ser uma fome de perecer ´tá entendendo,