
Abrindo Brechas
Data 02/07/2024 12:21:11 | Tópico: Poemas
| Na minha alma há uma terra Onde quem defende o ouro nunca erra. Já os que defendem o sangue Por pouco são chamados de gangue.
Diz uma voz em mim, Que não é bem assim. A ideia de dois pesos e duas medidas Não cabe nem num copo de bebidas. Nos que defendem o ouro não há uma coisa feia Que não esteja nos que defendem o líquido que passeia pelas veias. Tanto um como o outro Dão guarida para o porco.
Os rastros do porco podem estar nos dois lados, Mas mesmo parecendo misturado Posso distinguir, pois ambos são inclinados E dos ângulos não resultam os mesmos resultados.
A ideia de farinha do mesmo saco Serve aos que deixam o povo no buraco E põem o ouro no casaco, Como fazem os donos de uma colmeia. A abelha morre de trabalhar, Mas não pode saborear E a ela resta se arrastar feito uma centopeia.
Eu não quero lançar lenha na fogueira. Nem quero esconder o sol com uma peneira. Mas eu sei que o jogo sujo Abre brechas para os ratos, as baratas, os escorpiões, os caramujos; Para os ovos da serpente, Para os olhos dos abutres... O jogo sujo Abre brechas para um mar de absurdos.
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