
Tu
Data 30/06/2024 11:06:38 | Tópico: Poemas
| O rio que corre nos teus olhos cintilando de espelhos ao sol, tranquilo e macio sob as nuvens transmutando-se no tempo da lua, os cabelos que se revoltam de ondas e vento, lábios abrindo-se numa promessa que não vais cumprir, sei que não vais cumprir porque há tantos séculos que aqui estou e só agora esboçaste o sorriso. Transcendem o rio esses olhos indecifráveis e até dizem que o rio é o pranto do teu desamor. Que o rio te amou até soçobrar às águas, à corrente, cumprindo, ele sim, os mandamentos da Geologia. Aqui estou e não sou rio, sou uma ponte romana que te ama em segredo, lembrando as noites dos teus feitiços, quando era ainda a carne e o sangue e o gesto ousados que se ofertaram ao sagrado solo onde te mostras agora em jeito de aparição.
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