Tu

Data 30/06/2024 11:06:38 | Tópico: Poemas

O rio que corre nos teus olhos
cintilando de espelhos ao sol,
tranquilo e macio sob as nuvens
transmutando-se no tempo da lua,
os cabelos que se revoltam de ondas e vento,
lábios abrindo-se numa promessa que não vais cumprir,
sei que não vais cumprir
porque há tantos séculos que aqui estou
e só agora esboçaste o sorriso.
Transcendem o rio
esses olhos indecifráveis
e até dizem que o rio é o pranto do teu desamor.
Que o rio te amou até soçobrar às águas,
à corrente, cumprindo, ele sim,
os mandamentos da Geologia.
Aqui estou
e não sou rio,
sou uma ponte romana
que te ama em segredo,
lembrando as noites dos teus feitiços, quando era ainda a carne e o sangue e o gesto
ousados que se ofertaram ao sagrado solo onde te mostras agora em jeito de aparição.




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=373328