Banco d`espera

Data 23/06/2024 11:42:13 | Tópico: Prosas Poéticas

Não muito longe dali, cerca de cem passos, amanhece.
A ordem das coisas no seu lugar; o gato na casota; o cão no sofá. Duas vezes corda ao relógio da sala e , o pneu da bicicleta contínua vazio , as sapatilhas ao lado sem cordões. Sabe-se la desde quando.
Com tudo o que se vai acumulando, podia fazer-se um mapa da vida.
Toma-se uns comprimidos que o Senhor Doutor receitou e a vida segue- segue cega.
Não muito longe daqui, cerca de cem passos, amanhece.
O momento dos pássaros em algazarra na figueira do quintal, dizem ser as almas dos mortos. A hora do banco d´espera cinzento triste em que o coração deserto ouve o mar. Não muito longe, cerca de cem passos.



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