Papel Parede

Data 02/06/2024 18:48:35 | Tópico: Poemas

-
Santa Rita de Cássia acordou
no dia em que nasci frente ao papel
minha madrinha deu o que agora sou
um corpo ambulante preso na pele

os santos não querem saber se vou
na minha hora num caixão de dossel
não vão proteger carcaça que dou
tampouco chorar minha morte fel

cresci na metade dos gases nobres
entre símbolos imperiais sóbrios
com ares e mares de letras nuas

desconheço quem sabe o que tu cobres
nas meias teias de nobres opróbrios
nas luas cheias que são vénus cruas

e deus sabe as minhas provações soltas
ignora a história da minha mente
o passado das pequenas revoltas
aquilo que mexe, esquilo, no presente
o que se pode aproveitar dum pente
rejeitar moedas de sedas caras
enjeitar crentes crendo diferente
enquanto choro e coso plantas raras
sei agora do paraíso onde paras
do coberto quente que tu fizeste
das estrelas que roubaste e separas
apenas uma amparas e me deste

..mas da luz fugiu e fiquei com sem nada
..afinal é normal: papel parada







Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=372885