
O prisioneiro do gabinete
Data 27/11/2023 09:09:02 | Tópico: Prosas Poéticas
|  Quem se limita aos quatro cantos Dum gabinete, É um prisioneiro por vontade própria, Desconhece a beleza do mundo cá fora. Quão bom ter a liberdade dum pássaro, E voar, voar mais alto na imensidão do céu, Que Deus pintou com todas as cores. Quão bom sentir o cheiro da terra molhada, Num passeio pelos floridos jardins, Onde atarefadas abelhas recolhem o néctar da vida. Quão bom sentir o arma das rosas num jardim, Onde o silêncio é quebrado pelo canto Dos pássaros madrugadores. Quão bom ver o pôr-do-sol, onde as gaivotas Traçam os céus, levando nos bicos, Merendas para seus filhotes Em longínquas terras do sol poente. Quão bom ver o pouso dum beija-flor Numa flor, aberta ao sol nascente. Quão bom sentir abraço do mar, numa praia Cheia de gente, que busca lazer para vida continuar. Quão, quão bom deixar-se levar por uma onda, Que vem beijar pés das donzelas no areal, Que aquece corpo e alma dos banhistas. Tudo, tudo isso, o prisioneiro do gabinete Desconhece, por culpa dos livros, Que lhe mastiga a paciência e a liberdade.
Adelino Gomes-nhaca
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