
INFÂNCIA
Data 10/05/2008 20:29:19 | Tópico: Poemas
| Agenor comera um dia Na casa de sua tia O bolinho de feijão mais gostoso da vida. Mas um dia entristecera Pois a tia falecera. E nunca mais ele, então, teve a coisa preferida.
Desde o dia do velório Em tudo que era empório, Agenor procurava. Embrenhava-se nas feiras, Visitava salgadeiras, Mas coisa igual não achava.
E foi assim pelos anos, Provando muitos enganos, Procurando com labor. Perguntava-se sozinho: Será que haverá bolinho Que tenha aquele sabor?
E não achava respostas; Esperanças já remotas Iam-lhe pela alma. Mas era um homem tenaz, Sabia-se mesmo capaz; Continuava com calma.
Quando em alta idade ia Vendo uma fotografia Dos tempos dele menino; Achegou-se da janela De sua casa amarela O Zé Cocota, sorrindo.
_ Vai bolinho Seu Agenor? Bradou-lhe o vendedor, Vindo de longa distância; Justamente naquele dia Descobriu que o bolinho da tia Tinha era gosto de infância.
Frederico Salvo.
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