
rostos do oeste
Data 21/08/2023 09:42:27 | Tópico: Poemas
| perdoei-te bem mais do que um verso quebrado os hurras no picadeiro os ecos do desfiladeiro o polegar invertido sobre a arena cada vez mais vazia
perseguia-te há muito por detrás das lonas que escondiam grades que escondiam feras que escondiam rostos não máscaras, como querias fazer crer
e entre nós - os intérpretes do teu guião de sangue e lantejoulas as criaturas de fim de turno - estava quem, na sombra, te reconheceu quem da fímbria da tua túnica fez seu hábito quem cerziu a pele com o teu verbo quem engoliu o sexo frio do teu sopro quem, da frisa lateral, se avistou, entre os humilhados e os proscritos
foi no deslumbramento da revelação que te abandonei e fui sonhando outros sonhos errando outros erros fingindo a realidade que sempre me negaste
e pela primeira vez pude ouvir a tua voz chamaste-me ingrato blasfemo pedaço de vazio... expulsaste-me do teu poema e eu agradeci-te:
para memória, basta a dor de que não me quero desfazer para fé, basta a que nunca tiveste em mim
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