
Te Quero Poema
Data 06/06/2023 19:51:56 | Tópico: Poemas
| Eu te quero poesia Eu te quero prosa Eu te quero poema.
Sou verso ao inverso Universo convexo Sexo uno.
Sou linha, acorde, travessão Travesseiro do seu espírito Trauma, trema, poema.
Tosse a estrofe monossilábica O estribilho da nova canção Que narra a velha metáfora De uma aranha metálica Arranhando a unha no chão.
A barra do dia A garra da noite O nó górdio O "é" da coisa O pingo no "i"
A espada de Alexandre O cavalo de Napoleão O sonho de Buda O Asno de Balaão.
O suicídio de Karenina O Negro de Sthendal O mouro de Shakespeare A proposta de Anaximandro A resposta de Tales A caverna de Platão
A prostituta de Jack Os banidos de Dickens A rodovia de Kerouac Os medos de Stephen King A Biblioteca Internacional Das obras Célebres.
Tem literatura, tem. O poema tem poesia. A prosa tem sinestesia A Rosa de Hiroshima sinestésica.
O eco da Rosa do Humberto de Campos A Capitu de Casmurro O capítulo perdido de Gógol Os Pequenos Burgueses de Gorki. As valquírias de Coelho.
Tem poema na linha Tem verso na criação Tem lágrima no poente De quem a poesia sente.
E o poeta torce A estrofe Num tipiti tupinambá E bebe desta água E deste cauim Assim se embriaga De versos e de saberes Pois o verso é suor E o sangue do profeta É o suor do poeta Que é dado por vós.
Quando o poeta reconhece Ele retorce o nariz Dá na testa um piparote Embrulha o papelote Risca, apaga, chora e sorri.
É suor sagrado É poema cantado Serpente no Paraíso.
É descida do Sinai Quebra de tábuas Adoração e erro O Carvalho e o Bezerro De Alexandre Soljenítsin
É desejo de Gaivota De Fernão Capelo Do paraíso pessoal De Richard Bach.
Não me queira magoar Você que não soube Ter-me.
Não roube O meu ser. Sou sol Sou sal Sou céu Sou seu.
E no poema tem sebo Tem lembranças frutíferas No poema tem música de Verlaine.
Tem vício de Baudelaire Tem saber de Voltaire Sabiá de Gonçalves Dias.
Fui gigante em Liliput Metamórfico Kafka Morri com Ivan Ilitch. E renasci em Stern.
Tem poema de Drummond Um verso de Adélia O Quinze da Queiroz A queda de Ismália Que enlouqueceu E se pôs em torre a sonhar Que viu uma lua no céu Que viu uma lua no mar... Álvares viu uma falua Ulisses, o ciclópico Polifemo.
O que difere o remédio do veneno É a posologia. A distinção da poeta e do pateta É a manifestação da poesia.
Venha, poesia, Vestida de poema Festiva pela vida Debutante em primícias primaveris Para coroar de flores as nossas linhas!
E este poema já vai crescido Nasceu de um grito Perdido Nasceu de um querer De um coito profundo Do sêmen da pena Com útero do papiro.
Eu quero poema. Eu te quero Literatura. Eu te amo, Poesia.
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