
Confecção
Data 23/05/2023 23:56:43 | Tópico: Poemas
| O verso, o ver só de uma só vírgula, As reticências, o acento e o ponto. Pronto. Nasce um poema, um conto. Mágica da escrita e do domínio da língua.
O verbo, o verso. O reflexo na retina Se transfixa e transmuta-se em imagens. As asas nos levam para outras paragens A mágica não míngua. O dó e o mi da língua.
A pena vai arredondando a linha reta, O suor deixa o trajeto da pena curvilínea, A ortografia pode ser impecável e correta A mágica da língua, da língua, da língua.
O certo é que o incerto é uma quilha Que vai singrando os mares confusos Onde os versos e os vocábulos são mundos Onde os erros são continentes E os acertos são os restos de uma ilha.
E um poeta exigia uma estrofe cristalina Feita por um ourives de mãos habilidosas, Mas o poema ou a prosa cheira a naftalina E o poeta, putrefato, cheira as rosas natimortas.
E o pensamento lento, lerdo navega Criamos um reino novo e bonito. As palavras são arrancadas do infinito Que a língua embala cá e rega E carrega, e carrega, e carrega...
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