
AMOR FATI
Data 23/04/2023 16:13:15 | Tópico: Poemas
| AMOR FATI
Deixe-me uma vez mais abrir a janela, Afastar cortinas, Para que o ar circule
Para que a esperança Se renove...
Mesmo que seja ela Um equívoco... Um gozo fútil, Inútil...
O que mais me resta?
Deixa que seja resto, réstia, Engano tolo
Derradeira bobagem Que me enlace
Que mais me resta?
Deixa que eu acredite Que não hesite Que persevere
E erre E erre E erre...
Não há acerto Não há glória Ao fim d’estrada
Não há morada Que nos descanse
Não há chegada Que nos aprume
Não há final feliz...
E nem por isso, Esmoreço
Não há preço Que me compre A fé
E, por isso, Peço, rezo,
Por um dia a mais Que me enterneça
Por uma vã dança Que nos embale
E nos remeta Ao colo materno, Eterno...
Que não nos deixava Morrer
Mas agora, Ao capítulo sôfrego, Qual o balanço? Qual o saldo?
Valeu de quê?
É uma lágrima última Que me chega
É um soluço bêbado Que me escapa
A espreitar essa aventura Que ora acaba
Pobre grão Insano de consciência
Que a todo firmamento Contemplou
De que te somou A maior experiência Dos elementos recombinados?
Ser estupefato Ante a grandeza De tudo aquilo Que, contigo, foi
Assim, contemplo Assim me findo E me despeço...
Era apenas disso Que se tratava a vida?
Pois bem, Se possível, Tudo de novo, Mais uma vez!
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