
O parapeito cerra-se com a janela
Data 01/04/2023 03:46:04 | Tópico: Poemas
|
Quero uma janela forrada de pássaros. De bolas de sabão. Estas janelas anónimas e cegas. Onde esperam os anos que por nós passam. Sem fio que os una e os separa.
À janela, acorda-se e adormece-se. Agarrados ao parapeito. Sentados numa cadeira para assistir à noite. Noite que rói o azul, que em mim, não tenho. Apenas as estrelas crepitam, mas o corpo, não.
Vivo a vida que escuto em mim. O cicio e a fala, no que alheio vivo. Os contos contam-se, pousando a cabeça. Em dúbia de corpo e de sonho. Quando a escuridão se fecha, por fim.
Conformo-me com o frio e a escuridão. O parapeito cerra-se com a janela. Em criança, nunca fui quem a cerrou.
|
|