
Lúcida Insensatez
Data 27/02/2023 00:55:28 | Tópico: Poemas
| Desperto do sonho aos soluços, entanto não há lágrimas Aquela imagem dolorida, outra vez vem a me deslumbrar Seu vestido tinha um decote onde podia verter os olhos A relembrar seu corpo tão meu, quanto minh’alma é sua E aquela mulher iluminada, que suspirava como acordes É só a pintura, que nas galerias da memória, já esmaeceu
É o que basta, pois tatuou-me na pele e carne o que sou Desde o primevo dia percebi em mim que não seria igual Em que nossos olhos enlaçados eram espelho do querer Que, incontroláveis, nas tardes de amor eram incêndios Quietude impossível, insônia enlouquecida, delírio feliz O delírio que fazia subir de dois em dois, todos degraus
Imagem esbelta que vem de rompante, loucura e lucidez Nostalgia que me derrota todas as cautelas de salvar-me Sem planos e sem tremores, sem impaciência e sem votos Apenas um réquiem como quem busca no esquecimento Olvidar dos dias quando andávamos nus de corpo e alma Onde o amor era nossa expressão de olfato, gosto e tato
Já se vão distantes os dias desse calor corporal, viscoso O verão é uma névoa delicada que agasalha a atmosfera Na dor eu canto, mas cerro meus punhos, não me rendo Posso até trazer no poema uma dúzia de palavras pueris Mas não olvide, sou o protagonista a permear os tempos E enfim vê-la desgarrada da morte que enluta meu amor
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