
coisas
Data 26/08/2022 09:28:06 | Tópico: Poemas
| um tipo passou-se da marmita e deu, de chofre, uma traulitada na cachimónia do outro. foi gesto enraivado e de potência marcada. tudo por causa da flausina de decote até ao umbigo e minissaia até às nádegas, que se bamboleava redonda à frente da chusma. o raio da sirigaita era provocadora, não que fosse uma figura limpa mas porque se insinuava e explicitava. a coisa tinha que azedar algum dia. foi hoje. quando o licas, qual patego preso pelo beicinho e com muitas minis emborcadas, se apercebeu que o outro, que não era flor que se cheirasse, se armou em alarve chegando as mãos ao bolo, foi o que se viu. Arranjou-se logo ali um trinta e um capaz de derrubar paredes. o licas ainda espumava que nem perdido e já o outro dava por si estatelado ao comprido na calçada. o bailarico parou por momentos e os atónitos foliões tentaram perceber o imbróglio. foi coisa de pouca dura. num instante começaram a voar copos, garrafas, punhos e cadeiras. deu-se um arranca rabos digno do melhor arraial. elas arrancavam os cabelos umas às outras e praguejavam em agudos estridentes. eles esmurravam e pontapeavam, numa algazarra que ninguém entendia. a autoridade fugia para os carros de serviço e as ambulâncias ficaram quietinhas à espera de clientela. aquilo durou para lá de três quartos de hora. no fim, depois de já ninguém se aguentar em pé, por entre as dentaduras destruídas e as vestimentas estraçalhadas, todos engoliram mais umas minis e ficaram com dizeres para a volta das tascas no dia seguinte. o licas, esse herói, recebeu uns carinhos da magana e amagou-se refastelado no seu colo.
Valdevinoxis
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