
O Canto
Data 22/06/2022 13:50:35 | Tópico: Poemas
| Depois daquela noite, guardei meu medo nas gavetas Juntamente com todas loucas coisas, pranto e vozes Desvesti o incômodo dos segredos e olhei a paisagem Liberto da umidade antiga que usava vestir nos olhos Desabotoei o lume da manhã, bebi palavras sem nexo Afastei o rosto das criaturas que rastejam no escuro Para estreitar as longitudes de um céu mais luminoso Ainda sinto o cheiro do escuro vir arranhando a hora Ah, como caminhei na noite deserdado de esperança Tentando encontrar os castelos que dantes construí Perdidos debaixo do véu de nuvens de toda ausência Caminhei por essas ausências embriagado de insônias No coração de madrugadas já impregnadas do cristal Que anuncia as manhãs e sufoca as lágrimas solitárias Caminhei nos espaços da alma entre as coisas íntimas Os espelhos do semblante, dores dos idos da infância Que asilam no peito vazio, a imagem do primeiro amor Silenciei os tambores do desejo desnudado de ilusões Para neste enredo obstar tudo que afaste meu canto
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