
Bala perdida, chocolates e vacinas
Data 15/07/2021 12:43:51 | Tópico: Poemas -> Intervenção
| Perambula feito ébrio pelas ruas vazias Não existe esperança e nem mesmo tristeza No fundo nem mesmo sabe o que sente Solidão Alegria Uma sensação de vazio existencial Ou o êxtase de ser um ser tão importante. Quem poderá dar as respostas que ninguém sabe as perguntas? Por que ainda ouve os choros nas casas abandonadas? Há sons de cantos e danças nas vilas Luzes acesas e fumaças subindo em direção ao céu Enquanto uma criança está sozinha em um canto qualquer Com a cabeça entre as pernas tremendo de frio. Jovens pulam em volta da fogueira Parecem possuídos ou sob efeito das drogas Uma senhora grávida carrega um pesado balde na cabeça Sem direção certa. Caminhos de uma sociedade líquida Onde os amores não fazem mais sentido algum E os sonhos são desfeitos Na trajetória de mais uma bala perdida Que, na verdade, tinha uma direção certa A cabeça de mais um pequeno inocente da favela. Lá na Capital Federal eles discutem Os sexos dos anjos, as cores do arco-íris E desviam milhões de reais em propinas Chocolates, vacinas Parece mais ser o fim de uma sociedade Que não pensam no próximo Orgulho Egoísmo Para de perambular pelas ruas desertas E deita sob a frondosa figueira solitária Na saída da cidade Onde poderia ser a entrada se assim o quisesse definir. Tudo é tão confuso como os vaga-lumes que sobrevoam sua cabeça E os grilos que cantarolam despreocupados Então fecha os olhos e abraça a escuridão. Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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