
Leituras
Data 26/06/2021 22:20:12 | Tópico: Poemas
| Leio palavras escritas na superficie de tudo.
Numa existência larga folheio páginas cheias de interrogações.
Me compreendes quando deixo a luz da sala acesa?
Leio teus gestos. Desfolho o livro que me abres.
Ouço murmúrios no ritmo de cada frase. Decoro o que já sei. Tudo é sempre novo quando abro as portas da casa.
Sem lembranças amargas, digo não às tuas vontades.
Sobraram lágrimas para regar as flores. Sei das carícias suspensas no ar.
Os minutos não passam prolongam-se ausências.
Desarrumo o quarto. Guardo cortinas rendadas compradas na rua do luxo..
Tenho o olhar desfocado, quando nada respondes. Só respiro e mais nada.
Tudo é tão prosaico nessa alma antiga! Pássaros e borboletas voam sem rumores.
És a essência dos pecados inexplicáveis. Nessa frase urgente, cabe um ponto final?
Recolho-me sob a chuva que desviei dos meus dias.
Acreditas na felicidade partilhada? [Como pudeste pensar desigual?]
Como é poderoso o lado humano das coisas!
Sempre o Poder. Ah! O poder.
Ainda que eu pedisse aos céus não te esqueceria. Toda prece seria inútil.
Não desisto. Alimentam-me os frutos na tua presença distante.
O amanhecer não chega. Não compreendeste quando não fui quem desejavas ser.
[Ah! este ser em que não me reconheço. Ébrio das noites aquecidas em oração].
Nunca antes nunca depois.
Não choro. Apenas escrevo e rasgo a alma.
Encolhestes os ombros. Negavas, fingias, calavas dentro e fora de mim. Abrem-se as portas no princípio de tudo.
Na hora mágica, leio olhares, objetos e a velha fórmula do eu sei que sabes e pronto.
Deixo a porta aberta no princípio (todo) interessante.
Apontas o dedo, acusas, choras, lamentas. Voltas às costas cada vez que te chamo.
Amei tanto! Construimos palácios. Não fostes príncipe nem Rei.
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