
Lembrar-me da chuva não chega
Data 24/06/2021 17:17:24 | Tópico: Poemas
| A chuva nasce na pele da terra Que nasceu no umbigo do universo Que nasce na menina dos meus olhos E de repente isto é tudo o que me lembro.
Já andei à chuva muitas vezes e molhei-me sempre E molhar-me sempre que chove é o propósito de andar à chuva É uma forma de comunicar e sentir É como ouvir com atenção a história de alguém que já viveu muito. Molhar-me é uma conversa intima entre a chuva e a minha pele E aquilo que a chuva conta deve ser bom de aprender Pois a sensação não incomoda, nem é de frio Mas antes de calor e conforto de um abraço maternal
E de repente, dá-me saudades da minha mãe E lembrar-me da chuva não chega Ouvi-la bater contra o vidro é pouco Vê-la cair é querer mais E tenho de sair para a rua para senti-la na pele
Para se conhecer o mundo É preciso misturar os sentidos com a realidade E sentir a existência e o sentido de tudo E fazê-lo é uma forma de amar a natureza.
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