
Adeus Ano Velho
Data 01/01/2021 01:01:51 | Tópico: Poemas
| Por toda a dor cotidiana, que naturalmente me integra a vida Faço-te uma emboscada para que meu poema te prenda a mim Imerso neste subúrbio à espera da escuridão que se aproxima Uma manobra quase infantil na esperança de ter teus suspiros Neste final de dezembro o calor do verão irriga e inunda o ar Sou o pássaro gravado em sua fuga e o relógio segue a pulsar Ainda tenho nos ouvidos da memória umas cantigas de Natal Mas a magia que irrigou todas as fantasias, só pulsa no sonho Numa carruagem assombrada e abarrotada de quinquilharias Onde todos os desejos antigos eram reféns de mentiras tolas Rememoro com incômodo o que fiz e o que poderia ter feito Reconheço que toda escolha mal sucedida, ora é irreparável Mas o que não fui ou o que não fiz é morto não mais importa Porque toda a escolha ficou na ilusão do tempo e do espaço Não adianta exaltar a passagem de 365 dias, nomeados de ano Desejando que tudo, num estalar de dedos, mude de repente Se cada dia não fizermos brotar essa mudança dentro de nós
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