
Infância Revisitada
Data 07/12/2020 16:55:44 | Tópico: Poemas
| Outra noite fitava o céu sob um manto negro de quase silêncio onde os traços e espirais uniam as estrelas desenhando signos Reconheço que eram as mesmas que eu seguia quando menino A tecer pedidos enquanto ia, no escuro, desejando o impossível.
Só é passado mais um segundo e já não me encontro onde estou Sou novamente o mesmo menino deitado nas pedras da infância Absorto sob o vento que vem do mar e se esgueira entre árvores Distanciando-se de mim rumo à serra com o som de manso tropel
Nesse doce abandono, desenraizado dos vivos, infante singro o céu Atrevo-me entre refulgidos astros trespassados por um raio de sol Nesses instantes que estrelas são ilhas e a lua refúgio de suavidade Subo vértices de aéreos precipícios com minha brigada de sonhos
Mas na travessia desse mar irreal e fugaz minha alma deve retornar Porque a noite não é real, é um tecido negro e seus furos sob o sol. Certo que ninguém está livre de medos, sombras e silêncios ocultos Nem os olhos de tentar vencer, em vão, o limite provisório do coração
E porque assim tive que retornar, vejo que estes meus versos insones se fazem de apenas pobres sílabas, orfãs abandonadas sobre o papel
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