
estranho contrato
Data 30/11/2020 23:19:59 | Tópico: Poemas
| na minha boca um sem sabor antigo do mundo antes da tua chegada
antes, as coisas todas bocejavam na minha alma
hoje conspiram na malha quase arejada da vida que é também a da gente, bichos e plantas como que a ganhar força para escapar às balas do destino que não deixou de ser mera passagem
agarro essa chama mas tudo é já tão tarde, porque também eu sou viagem estranho este cruzar de almas sem tempo de nos lançarmos os dois no abismo feliz que nos ampare
– estranho contrato, sim – nesta partilha de tudo largar pelo gosto tão raro e próximo preso às pequenas respirações
quisera não ter corpo já para aderir sem dor à experiência do sal e fosse belo desembarcar no mar a partir de alguma falésia
ah se pudéssemos gravar a eternidade num espelho
de que nos serve a luz, quando cá dentro há um escuro de fome nunca saciada, e a viagem não se faz sem pão carne e condição.
ah como aprisionar a ilusão?
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