
A Gênese da Fênix
Data 26/09/2020 00:08:59 | Tópico: Poemas
| No avançado da noite refaz-se em mim um lume de poder criador Que me avassala os sentimentos, como fúria incontida ou invasão Um cordão de luz que nasce livre no fundo de minha consciência Se aprofunda entre os pensamentos e emerge recompondo fatos
Assim nasce, a cada madrugada como fênix, o poeta dentro de mim Sem que eu mesmo saiba qual ígneo acontecimento leve a ser assim Como ser alado que é, ave quiçá, logo toma espaço na trama do ar Desprende-se da trama original rumo aos céus num voo em espiral
Sob a fria sombra da aliança o poeta ultrapassa os limites impostos Seu voo suplanta dimensões onde se urde o desamor e a insipiência Libertário das vozes antes prisioneiras transita rumo à luz da aurora Na alta madrugada anseia no infinito que se cumpram as promessas
Comporta em si próprio todo o axioma da verdade na fluidez do ar Na pura contemplação admira palavras nunca dantes pronunciadas No final das madrugadas o poeta recolhe asas à procura do pouso Diante do espelho seus pensamentos flutuam em outras dimensões
Seja criador, seja a criatura o poeta move sentimentos estagnados Da sua força geradora, plúrimo de identidades se recompõe humano Assim volto a mim, volto a ser despercebido nos meus dias comuns Enquanto outra noite não vem, sigo só, solitário pelos rios da urbe
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