
Noturno 6.5
Data 21/09/2020 19:06:26 | Tópico: Poemas
| Soergo meus olhos a buscar outros olhos com certa angústia É outro ano vencido nesta caminhada nestes dias incontidos Mais uma vez quedo-me face a face diante de meus temores Tanto mais nesta reclusão voluntária que a cautela me exige Então devo confessar que bebi dos cálices do conhecimento Até habituei com a embriaguez que todo o conhecer resulta Descobri que esse meu silêncio, até se parece com a tristeza Mas é a flor da imaginação que me sustenta nos seus braços Descortinei na árdua busca de mim, o peso de aceitar-se a si Em geral, encoberto entre as brumas obscuras da ignorância Encontrei além de mim, outro olhar para somar nessa viagem E com esse alguém violar os limites, romper todos horizontes Esperança e liberdade cabem na vereda de um futuro a dois Sei que quero a vida, mas martela na mente a dura realidade Que nutre a sensação que viver é tão frágil e o tempo curto Nem sei quão curto, mas sei que não farei fácil para a morte Se a vida fosse como dormir, seria só alterar de lado se doer Não é simples viver sem sonhar e aí a poesia se faz imperiosa Que nos versos permite romper as barreiras da mediocridade Assim estendo minhas asas ao primeiro brilho de cada manhã Esparzo a poeira da noite sem lamentos nos olhos ou na alma Chego sóbrio a esta reflexão existencial aos sessenta e cinco Tal qual o faço desde que fui renascido, há cinco anos atrás Eu não tenho saudade do que um dia fui, sei que envelheço O que faço feliz, sem me entregar e sem resistir, reinventado A cada aniversário (maio) escrevo um poema que resume meu momento. Há pouco mais de 5 anos morri por duas vezes e renasci, desde então, minha vida leva isso em consideração, para todos os fins.
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