
Amanhã
Data 15/08/2020 14:27:23 | Tópico: Poemas
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Nestas horas sonolentas da noite, cobra-me o tiquetaquear desse relógio Vir o sono, eivado de solidão e amontoado de minutos ocos e horas vazias Mas ao invés de dormir tomo a rédea de seres alados, rumo às distâncias Amanhã cobrar-me-á o despertador que tenha salvo no sonho a esperança Tu a quem Morfeu cerra os olhos e não imagina o vento etérico que sopra Como um açoite encolerizado, troando entre o criado mudo e a cabeceira Antes que o ouro solar irrompa pelas frestas da tua janela tenha atenção! Que não te acorde o frenesi embriagante das areias de um tempo mágico Que te clamará a presença por lugares tão familiares quão desconhecidos Os quadros à tua volta abrirão caminhos para que por eles, curioso, sigas Por entre as tintas de paisagens amarelecidas desses outonos imaginários Onde do cimo da sela se ouve verbalizar os gritos amordaçados da utopia E creia, é tudo real. Mas só o musgo da sabedoria acalmará essas dúvidas Em meio à morna madorra viajarás se não te magoares com tanta arritmia O tempo é um eco do tempo e díspar daquele tão milimétrico que admites Em meus sonhos a noite acontece numa exata proporção de luz e sombra E assim é que o poema se cria, sem ressalva ou impaciência, já pela manhã Tudo mais, retas e curvas, residem na promessa viva de uma nova estrofe Não olvides, mais que vocábulo e verso é a entrelinha que toca ao coração
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