
Retalhos
Data 20/06/2020 23:28:44 | Tópico: Poemas
| Aceita-me. Disse-me uma voz num corpo vestido de lilás.
Teus olhos perdiam a calma.
O tempo transcorria largo e leve.
Abraços e olhares ampliaram-se no mundo. Continuo num exílio provisório.
Reacendo estrelas fotografadas na eternidade. Despertas saudades inspiras canções. A espera é inútil? Nossa história é eterna e mágica.
Na alma em farrapos, fica a faca sem corte e amores acabados. ... O homem deixa rastros na poeira de si mesmo.
A sombra se arrasta no meio do caos. . Bordo as horas na transparência das mãos.
Sorbre retalhos danço um balé imaginário.
No espetáculo do tempo a alma sonha e acaba? Imagino.
Imagino o destino de um rio.
Possuo o segredo das estrelas no meio da tarde.
Imagino a chuva, trovões e ventos irados. Imagino uma cadeira vazia.
O relógio de pêndulo da minha infância ainda badala.
Ouço passos na escada dos sobrados coloniais.
Sagração
Sinto o cheiro da poeira dos caminhos que venci.
Perdi o orgulho na falta de grana.
Tive amores. Andei sem rumo, aluguei corpos e nomes.
Desperto dos sonhos que ainda não perdi. ... Uma borboleta pousa nas mãos.
Entre canteiros observo silêncios e asas. Na tua ausência danço um tango em Portugal.
Introspectivo, não digo nada.
Espero gestos de carinho e afeto.
Na pausa de melodias, nada faço, apenas choro.
Entre nós flui a poesia na paisagem coberta de luz.
Vejo retratos amarelados pela saudade.
O tempo das almas fala às nuvens. As pessoas passam com olhos de pedra...
Mergulham numa orgia sem desejos e sem medo de nada.
Além das fronteiras faróis iluminam ilhas e sonhos.
Preciso fotografar nuvens e estrelas numa viagem inadiável. No tempo que se foi homens se transformam.
Assim são promessas e obras inacabadas.
Alguém chorou. Águas profundas lavaram a face coberta de lama.
Muros separam casas, o vento separa águas.
A vida carrega o canto, o canto carrega o adeus.
Raimundo Lonato
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