
Liberdade aprisionada
Data 08/05/2020 16:19:26 | Tópico: Poemas
| Liberdade aprisionada Enquanto a fumaça não vem, o trem espera ansioso a ida às montanhas, às pontes, às planícies e aos trilhos lustrosos que correm a sua frente e desaparecem depois de cada curva. Enquanto a fumaça não vem, o trem aguarda a chegada de pessoas, magras, gordas, altas, baixas, brancas, negras, animais e peças que estarão dentro de seu corpo metálico, comprido, barulhento e viril, na esperança de ver chegada a sua estação branca que as receberá. Enquanto a fumaça não vem, o trem não pode apitar para poder bradar ao mundo a ironia de poder quase voar por entre matas, túneis e imensidões sem término. Enquanto a fumaça não vem, o trem sonha com a amada ausente que foi buscar noutros campos o seu descanso descansado de quem viveu sempre a esperar por nada. Enquanto a fumaça não vem, o trem lamenta sua triste sorte de ser um preso que vive em liberdade sem poder fugir.
Alexandre Sansone 02.1975
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