
Caravelas azuis céu adentro
Data 06/04/2020 01:08:47 | Tópico: Poemas
| Desconheço as certezas que me atraem ao desconhecido. Um movimento, causa e efeito, no brilho desta dúvida circular Não tenho esperança de me encontrar nas perguntas que guardo E guardo-as religiosamente como segredos esquecidos no tempo.
Desacreditei teorias sobre a dor sem ter sofrido. Vou em procissão levar toalhas quentes à angústia que me consome E pelo caminho, idealizar a morte por baixo da terra Por não acompanhar a gravidez das estrelas todos os dias Nem assistir ao seu parto anunciado com ardor fora dos olhos.
Esqueci-me de acreditar
Caravelas azuis céu adentro por dois mil anos Tenho esperado o meu nascer para começar. … Na origem a indiferença onde me guardo sem ambições Cai o lorpa na arcada por um abraço que ninguém me deu Cresci e morei sempre à porta sem entrar Com medo de pisar o mesmo chão, conhecer o padrão e ficar
Esqueçam-me todos, todos os dias em que não voltei Esqueçam-me os lamentos e as ilusões que emprestei ao mundo E afastem-me de vez quando chegar a falar de amor. … Esqueci-me de acreditar
Caravelas azuis céu adentro por dois mil anos. Elevam-se adagas e escudos pela morte de um imperador. Desenhei um rio com margens e com corrente Porque só quero uma vista para o Nilo, na tarde da minha derrota.
|
|